sábado, setembro 12, 2009

A Propósito da Democracia

Caro Jornalista,

Sou um caboclo amazônida, nem mais nem menos entre tantos de formação étnica comprometida pela dolência de nossos ancestrais nativos, de índios (escravos) africanos, portugueses escravocratas e espanhóis ladrões. Nem mais, nem menos. A mim ainda foi agregado sangue turco – não sei se isto atenua ou agrava a minha sucessão genética.

O rugir de suas palavras representam todas as nossas outras contidas pela falta de espaço que você dispõe e dizem plenamente da nossa indignação. Para seu pezar e contentamento dos canalhas referenciados, infelizmente, nada significam. Mero discurso perdido entre tantos outros de igual valor e qualidade. Como no velho adágio, “os cães ladram e a carruagem passa”. Em nosso caso com uma mudança significativa: “os cães ladram, a carruagem para, joga algumas migalhas e passa”. Alguns cães, como nós, que vociferamos mais veementemente, aproveitam-se da breve parada para irrigar-lhes as rodas com nossa desprezível urina e com isto vangloriamos-nos garbosamente do feito.

Quão inútil somos!

Eis a democracia, meu caro jornalista: meu bem, meu mal. Ei-la, poderosa, na plenitude de seus mais profundos fundamentos, onde a maioria, no pleno exercício de seus direitos políticos elege seus governantes. O que não ficou claro na “criação de tal projeto”, a democracia, pelos nossos gregos de plantão à época deste antecipado iluminismo, é se no caso de tamanha e desqualificada maioria (nosso caso) , seriam os mesmos os princípios a serem seguidos. Hoje, distantes do princípio criador, na América do Sul, do lado de baixo do equador, no Brasil (quanta seqüência de azares demográficos), aquilo que deveria ser a mais perfeita manifestação de governabilidade transforma-se em cruel constatação de injustiças no desfilar diuturno dos escândalos palacianos.

Parece-me que a Revolução Francesa tem algo a nos ensinar. Mas onde estão Robespierre e Rousseau ? Quem vai nos defender deste real “massacre do Campo de Marte” a que estamos sendo conduzidos por esta sintonizada orquestra de nossos “Luiz XVI” ???? Não os vejo.

Eis, meu caro jornalista, a perpetuação da miséria humana, pela via do voto.


Pedro Paulo Buchalle

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