quarta-feira, fevereiro 10, 2010

A Propósito Dos Terremotos

A PROPÓSITO DO HAITI E DE OUTROS TERREMOTOS NA AMÉRICA.



Recolho-me calado diante da minha incapacidade de compreender as tragédias e as ações humanas a partir destas. Vejamos o caso do Haiti. Poderia ser qualquer outra, dos “tsunamis” ou terremotos outros. Enfim, a história nos conta centenas de casos iguais e de como o mundo se mobiliza para o auxílio das vítimas. Forças Tarefas são enviadas, agasalhos, comida, remédios, helicópteros; famosos (Travolta, Scarlett Johansson) vão pilotando seus jatinhos particulares levar leite e cobertores; presidentes (Lula, Obama) fazem discursos inflamados de solidariedade; compositores e músicos (Kirk Franklin, Jeremy Camp) criam letras de músicas para sensibilizar o mundo pela música. Enfim, eis a solidariedade humana!

Enquanto isto séculos de destruição e morte somam-se no dia-a-dia de brasileiros, venezuelanos, bolivianos, hondurenhos, enfim, apenas para citar a tão propalada América dos sonhos. Políticos sujos, corruptos e ladrões se revezam no poder, perpetuando a miséria humana pela fome, pelo desemprego, pela insegurança, pela má educação; promovendo a morte, não sob os escombros de um terremoto, mas sob os restos de uma sociedade falida para as maiorias de miseráveis sem saber, sem nome e sem esperança.

O mundo precisa apurar os ouvidos para o ensurdecedor ruído deste terremoto que não se mede pela “Escala Richter”; é preciso destronar estes “Senhores da Guerra” fria, suja, imunda de corrupção e dor. Não é possível mais assistirmos de braços cruzados esta falsa democracia crescer aos níveis que chegou. A natureza que nos privilegiou com a ausência das fissuras tectônicas não foi tão benevolente assim com os nossos governantes, onde a fissura moral trinca por inteiro o caráter destes canalhas e causa muito mais estragos na vida dos homens que qualquer terremoto destes que tanta mobilização causam.

Isto não torna menor a realidade de nossos irmãos haitianos, não significa ignorar sua dor e nem negligenciar na ajuda humanitária. Não. Isto significa que devemos estar atentos a estes outros terremotos que nos assolam há séculos e para os quais nenhuma ação mundial foi tomada para combatê-los.

Sinto-me num discurso perdido entre tantos outros de igual valor e qualidade. Como no velho adágio, “os cães ladram e a carruagem passa”. Em nosso caso com uma mudança significativa: “os cães ladram, a carruagem para, joga algumas migalhas e passa”. Alguns cães, como nós, que vociferamos mais veementemente, aproveitam-se da breve parada para irrigar-lhes as rodas com a desprezível urina e com isto vangloriar-se garbosamente do feito.

Eis a democracia desta outra América: meu bem, meu mal. Ei-la, poderosa, na plenitude de seus mais profundos fundamentos, onde a maioria, no pleno exercício de seus direitos políticos elege seus governantes, seus pares. Aquilo que deveria ser a mais perfeita manifestação de liberdade transforma-se em cruel constatação de injustiças no desfilar diuturno dos escândalos palacianos bem mais devastadores para o povo que um terremoto.

Estamos soterrados sob séculos de corrupção; sob os escombros da moral e ética públicas; atolados até o pescoço na insegurança, na má cultura e má educação; asfixiados de bolsas assistencialistas por todos os lados. Agonizantes.

Socorro! Help! Hilfe! Aider! Βοήθεια! Cabhair! Aiuto! Pomoc! Помощь! 帮助! ヘルプ!

Olá – Alguém ouviu ????????????

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